Provocações do Subcomandante Galeano a Carlos
Aguirre Rojas e Alejandro Grimson.
Assim que terminaram suas falas todos os
participantes da mesa escutaram ao Subcomandante Galeano - ‘vocero’ da comissão
Sexta do EZLN e suas provocações. A
primeira delas diz respeito ao que em síntese se converteu a fala do
historiador Carlos Aguirre Rojas e do antropólogo Alejandro Grimson.
O historiador mexicano em sua fala sobre as
estruturas de poder nos colocou diante de duas possibilidades de posicionamento
frente ao poder ou a que chamaríamos a toma do poder: 1) uma vez que o poder
seja assumido se deveria destroça-lo, ou seja, fazer em pedaços a estrutura do Estado;
2) assumir e reproduzir suas estruturas. Sem muitas delongas, a ideia seria
destroçar o Estado e construir um contra poder de ‘abajo’, defende Aguirre.
Somado a esta fala sobre o destroçar o Estado Aguirre abordou a conjuntura latino-americana,
a história dos governos progressistas em Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador,
Argentina e Chile. Foi bem crítico com estes governos, ainda que tenha
reconhecido seus feitos, falou em contra o fato de que eles todos optaram pelo
que ele chamou de reproduzir o aparelho do Estado ao invés de destruí-lo e em
boa medida, incluso, disse que muitos deles incrementaram o aparelho repressor
do Estado em contra os movimentos sociais e fizeram alianças com grupos
políticos de direita e ultradireita.
Alejandro Grimson iniciou sua fala em um
movimento de defesa, se assim podemos chamar, desses governos progressistas.
Falou sobre o acesso gerado pelas políticas do governo Lula e Dilma no Brasil,
o avance das políticas sociais em argentina com o governo dos Kirchner’s, a
abertura dos espaços políticos para os indígenas em Bolívia após o governo de
Evo Morales, a cara de dignidade e a ‘cabeça erguida’ dos indígenas em
território boliviano.
Grimson defendeu que é necessário reconhecer e
valorar estes espaços de respiro,
assumindo todos os seus problemas. Por exemplo, falou sobre o distanciamento destes
governos progressistas de sua base popular, dos movimentos sociais e os
problemas ocasionados por isso que foram comprovados, no caso argentino, nas
próprias urnas.
A fala de ambos provocou uma reação do
Subcomandante Galeano e dos compas da Comissão Sexta. Entre reforma e
revolução, um debate que, como disse o Sub, é tão velho quanto se queira
imaginar, nós estamos diante de uma situação
de extermínio iminente. O que na verdade nos leva a reflexionar para além dos problemas teóricos.
Entre reforma e
revolução o que importa é que nos estão matando. O que importa é que o colapso
é inevitável, que a guerra sangrenta pelos recursos naturais só está começando
e que cada vez mais vai aumentar a repressão.
A perseguição sanguinária, a supervivência e a resistência. Diante de
tudo isso pergunta o Sub e os compas da Sexta: