terça-feira, 22 de maio de 2007

A importância da jornada de 23 de maio


As forças políticas de esquerda conseguiram construir uma agenda comum de reivindicações, lutas e mobilizações; isto é um importante sinal de maturidade

22/05/2007

Editorial do jornal Brasil de Fato (ed. 220)


A construção de uma jornada de lutas em 23 de maio, unificando os movimentos populares, organizações sindicais e estudantis de todo o país em torno de uma mesma pauta, constitui o mais importante salto de qualidade na retomada das mobilizações nos últimos anos. Desde o Plebiscito Popular contra a Alca em 2002, não se conseguia unificar tantas forças políticas, movimentos e organizações em torno de um mesmo objetivo.
A Plenária Nacional da Assembléia Popular em novembro de 2006 foi o ponto de partida para a construção de um calendário comum de lutas, apontando, desde então, a necessidade de se construir uma jornada nacional em maio de 2007.
Enfrentando as dificuldades em relação às diferenças de análises e métodos, as forças políticas de esquerda conseguiram construir uma agenda comum de reivindicações, lutas e mobilizações. Isto é um importante sinal de maturidade. Cada vez mais, é decisivo que as forças populares construam sua unidade de forma autônoma.. E somente se consolida esse processo em torno de lutas populares e ações planejadas conjuntamente, por mais difícil que esse caminho se mostre. Trata-se de construir uma agenda de interesses comuns do povo brasileiro que acabe com a fragmentação das forças sociais que vem ocorrendo desde a primeira posse de Lula em 2003.
Essa construção envolve tensões e divergências entre as várias correntes e concepções. Por isso mesmo, exigirá paciência e generosidade entre os que estão empenhados na retomada das mobilizações populares.
“Nenhum direito a menos” será a principal palavra de ordem de uma pauta que rejeita as tentativas de reforma previdenciária e trabalhista, a limitação ao direito de greve dos servidores públicos. Exige a manutenção do veto à Emenda 3, reforma agrária e anulação da privatização do Leilão da Companhia Vale do Rio Doce. Em torno destas e outras bandeiras comuns, foi possível unificar a CUT, Conlutas e Intersindical na área sindical, as amplas articulações como a Coordenação dos Movimentos Sociais e a Assembléia Popular, incorporando as principais organizações e movimentos nacionais como o MST a UNE e a Conam.
Outro momento fundamental para esse processo de construção da unidade será a realização do Plebiscito Popular sobre a anulação do Leilão de Privatização da Vale do Rio Doce, a ser realizado de 1 a 7 de setembro.
Eis porque é fundamental estimular o máximo de movimentos e organizações para que desenvolvam atividades de luta durante a jornada do dia 23 de maio. A somatória de cada manifestação demonstrará a insatisfação com a política econômica e com a violenta ofensiva do capital para suprimir nossos direitos.

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/especiais/23-de-maio-2007